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1 de novembro de 2014

A Vida, o Universo e Tudo Mais

Título: A Vida, o Universo e tudo mais
Autor: Douglas Adams
Nacionalidade do autor: americana
Editora: Sextante
Lançamento: 2005
Número de páginas: 221







Essa postagem estava no meu rascunho desde dezembro de 2010, sem ser editada até então. Sim, faz tempo! Não nos damos conta do quão rápido a vida passa, até você ver uma data no passado e ver que agora você está muito distante deste passado, ou não, se você for fazer uma visita no passado. 
Comecei filosofando e utilizando o bom e velho embromation culto que é muito utilizado por Douglas em seus livros da série do Guia do Mochileiro das Galáxias. Então chega de lenga lenga e vamos direto ao assunto!

Tudo começou à algum tempo atrás, na iiiiilha do soool... ok, desculpa, parei.

Douglas Adams mistura alienígenas com coisas do dia-a-dia. Dando a entender, em minha humilde opinião, que nós é que somos os estranhos, que levamos a vida muito a sério e fazemos uma tempestade em copo d'água para uma situação simples. Para algumas pessoas, isso pode ser mesmo a sua realidade, mas para outras nem tanto. No começo do livro mostra uma situação com o já conhecido desde o primeiro livro da série, Arthur Dent, e Wowbagger, um alienígena imortal que tem como objetivo de vida insultar todos, eu disse, todos, pessoalmente. Douglas comenta que ele já poderia ter completado com sucesso a sua missão se não existisse o domingo. O que é uma pura verdade. Ah, o domingo, esse dia odiado por todos. Quantas coisas você poderia ter feito no domingo, mas não fez porque simplesmente era domingo? Podemos ter milhões de coisas para fazer, mas no domingo não conseguimos fazer absolutamente nada.
Contudo, no final foram as tardes de domingo que se tornaram insuportáveis: aquela terrível sensação de não ter absolutamente nada para fazer que se instala em torno das 14h55, quando você sabe que já tomou um número mais que razoável de banhos naquele dia, quando sabe que, por mais que tente se concentrar nos artigos dos jornais, você nunca conseguirá lê-los nem colocar em prática a nova e revolucionária técnica de jardinagem que eles descrevem, e quando sabe que, enquanto olha para o relógio, os ponteiros se movem impiedosamente em direção às 16 horas e logo você entrará no longo e sombrio entardecer da alma.
É isso que eu gosto do Douglas. Ele consegue - não sei se é com facilidade, mas o resultado é excelente - descrever muito bem qual é o nosso sentimento sobre o que fazemos no dia-a-dia.

Outra coisa que é característico de Douglas é o estilo meio pertubado da cabeça de escrever. Veja um exemplo abaixo:
Ford estava começando a agir de forma bastante estranha, ou talvez não estivesse realmente começando a agir estranhamente, mas começando a agir de uma forma que era estranhamente diferente das outras formas estranhas como ele geralmente agia.
Resumindo, acho que o Douglas é quem está agindo estranhamente estranho aqui.

O melhor do livro, novamente, na minha humilde opinião, não é a história em si, porque é apenas um alienígena tentando salvar a Terra de ser destruída e que pega Arthur e Ford para o ajudar. E o livro também não fica focado apenas nessa história. Tem também outras histórias paralelas, que até podem fazer sentido depois, mas não é exatamente o foco. O melhor de tudo isso é o universo, a linguagem, as situações e as definições sobre assuntos novos que ele aborda.

Por exemplo, ele explica o que é POP, Problema de Outra Pessoa. O campo de POP é um lugar que você não consegue ver porque você não espera ver isso. O POP seria uma capa de invisibilidade mais simples porque, teoricamente, não conseguimos ver os problemas de outra pessoa. Lá em 1982, quando ele escreveu esse livro pode ser que isso tenha sido verdade, mas hoje, em 2014, com o Facebook na vida de milhões de pessoas, não importando a idade, porque vai de crianças até idosos, o problema de outra pessoa é tomado como problema próprio e isso faz com que pessoas lutem com as próprias mãos para solucionar o problema dos outros. Hoje em dia a vida ficou um tanto complicada quanto na época de Douglas. Enfim, voltando pro livro. Ah, mas eu acho que essa capa de invisibilidade não funciona muito bem para humanos, ou pelo menos para Arthur, pois ele conseguia ver a nave gigantesca que Slartibartfast estacionou no campo de críquete, que teoricamente estava no campo de POP. Mas quando Slartibartfast os avisou sobre a nave, realmente ela apareceu para Ford e Arthur entendeu o que estava acontecendo. Tentei explicar o que seria esse campo de POP, mas ninguém melhor para isto do que ele.
Um POP é alguma coisa que não podemos ver, ou não vemos, ou nosso cérebro não nos deixa ver porque pensamos que é um problema de outra pessoa. É isso que POP quer dizer: Problema de Outra Pessoa. O cérebro simplesmente o apaga, como um ponto cego. Se você olhar diretamente para ele, não verá nada, a menos que saiba exatamente o que é. A única chance é conseguir ver de soslaio.
Mas tem o caso da gente procurar muito algo e não saber onde está, e ficamos procurando por horas e horas, sem resultado algum. Então perguntamos para alguém que sabe onde está e a pessoa, com a maior naturalidade, vai direto ao objeto, que estava o tempo todo bem debaixo das nossas narinas. É, acontece isso muito mais do que gostaríamos.

Além dele escrever quase do mesmo jeito que falamos, ou seja, com várias repetições, ele também escreve capítulos criando uma enorme e complexa teoria para uma coisa que vemos no dia-a-dia. Por exemplo, ele fala que o processador do computador do universo dele é feito pelo método Bistromática, que nada mais é que o cotidiano de um restaurante. mas ele descreve com palavras difíceis o seu funcionamento.
O segundo número não-absoluto é a hora real de chegada. Este número é hoje conhecido como um dos mais bizarros conceitos matemáticos, uma reciproversexclusão, um número cuja existência só pode ser definida como sendo qualquer outra coisa diferente de si mesmo.
Ou seja, mais uma grande realidade.

Entre um capítulo e outro da história principal, ou seja, Arthur Dent, Ford e Slartibartfast estão tentando salvar o planeta Krikkit de não ter que explodir tudo, tem alguns contos ou até mesmo capítulo de algumas frases. Teve conto com o Marvin no mundo dos colchões, uma porta na Coração de Ouro com Zaphod, etc. E ele sempre encaixa esse tipo de intervalo em um momento importante da história principal e quando volta parecia que nada estava acontecendo. 

Eu já disse no começo e repito, o Douglas é o rei do embromation! Ele começa um capítulo falando de um jogo chamado Ultracríquete Broquiano que apenas pessoas de outras dimensões se divertem com o jogo. Aí colocou o que o Guia do Mochileiro das Galáxias pensa a respeito do jogo, afinal esse guia é a base da história inteira. Mas ele vai se empolgando falando do guia. Então começa a falar do seu fundador, de um editor e isso já foram três páginas. Mais pra frente no livro tudo isso que foi dito pode fazer mais sentido, como já aconteceu, mas quando estava finalizando o capítulo eu já não sabia do que se tratava porque eu tive que parar de ler diversas vezes nesse capítulo. Então, #fikdik: nunca pare de ler no meio do capítulo, senão vai ter que voltar ao começo do livro ou se tiver mais sorte, apenas o começo do capítulo ou o parágrafo anterior, vai ser suficiente.

E por fim, já que estamos falando de coisas sem sentido, vou deixar vocês com o último parágrafo de um capítulo que não tem nada a ver com o que foi dito anteriormente no capítulo. Até imagino a hora que o Douglas sente que deve acabar o capítulo, mas ele precisava de apenas mais um parágrafo para finalizar melhor e então esse tipo de recurso aparece para lhe salvar.
Dez minutos mais tarde, enquanto flutuava despreocupadamente em uma nuvem, foi atingido no cóccix por uma enorme e incrivelmente obscena festa.




Esse é o terceiro livro da série em um total de cinco livros. Aqui eu já escrevi sobre o segundo livro "O Restaurante no Fim do Universo.

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