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19 de janeiro de 2009

Rita Lee mora ao lado


Título: Rita Lee mora ao lado - Uma bibliografia alucinada da rainha do rock
Autor: Henrique Bartsch
Nacionalidade do autor: brasileira
Editora: Panda Books
Lançamento: 2006
Número de páginas: 256
Onde comprar: Buscapé - sempre tem descontos comprando pelo Buscapé.






Para estrear o blog, vou começar falando de uma bibliografia alucinada de uma pessoa que só queria aproveitar a vida.

O livro conta a vida da Rita Lee, mas por uma vizinha que morou "logo atrás do casarão dos Jones". E por uma janela ela viu tudo o que acontecia por lá. Com a ajuda de instrumento, claro.
Quando conseguimos comprar um binóculo, as coisas ficaram muito mais fáceis de serem observadas. E eu babava naqueles gringos coloridos dos cartazes pendurados nas paredes.
A mania de observar a casa dos Jones começou com a paixão platônica de Diva, mãe da vizinha Bárbara, pelo Charlie, pai de Rita.
Rita, além do privilégio de ser a predileta do rei, tinha Balu como madrinha. Ela era a protetora de todas as horas da caçula.
Com essa paixão a Diva fazia de tudo para a filha ser igual às filhas dele. Principalmente igual a Rita que por coincidência nasceram no mesmo dia. Quando ela começou a ter aulas de piano, ligeiramente Diva colocou sua filha em uma escola de piano. E também na mesma escola.
Quase caí de costas quando um dos professores fez a chamada:
- Teste para Julieta.
Rita Lee Jones. Lá foi ela. Melhor impossível. Ao entrar em cena, tropeçou nas pernas, caiu sobre a diretora, arrancou a peruca da velha, os óculos, blocos, textos, copos d'água, candelabros e parte do cenário foram para o chão. Nunca pensei que fosse ver "I Love Lucy" ao vivo. E foi a carreira teatral mais curta do mundo dos espetáculos. Ouvi alguém convidando-a para se retirar do teatro e nunca mais tentar ser uma atriz séria. Eu ainda não sabia o que era orgasmo, mas acho que foi o primeiro. Fiquei tão aérea que domi na poltrona. Acordei com o barulho de alguém andando furtivamente. O teatro estava vazio. Devo ter dormido bastante. Estava meio escuro e não consegui ver quem era. A pessoa juntou alguns cenários e figurinos de papel, ao centro do palco. Acendeu uma vela, como num ritual, e jogou-a no meio daquele amontoado. As labaredas começaram a subir, a claridade aumentou e então vi que o piromaníaco era piromaníaca, a Julieta rejeitada. Nossa Rita. Me mandei, antes que ficasse como cúmplice.
E isso foi apenas uma, entre outras, que ela aprontou na escola. Mas Rita não só aprontava na escola, na rua também. Tendo um pai mão-de-vaca, ele não dava dinheiro na casa e então elas teriam que dar um jeito para arrumar.

A jovenzinha que aprontou muito nessa vida.
Um domingo eu estava andando à toa e cheguei até a igreja de Nossa Senhora, na Saúde, um bairro vizinho. Fiquei com dó de uma garotinha que se arrastava com uma bengala, enquanto pedia ajuda aos fiéis. Estava pensando em como ajudá-la, sem saber como, pois acho que a única diferença entre nós duas era a de eu não ser aleijada. Depois de algum tempo ela se dirigiu para a rua que levava de volta para Vila Madalena. Como era meu caminho de volta, fui atrás. Após virar a primeira esquina, a menina começou a rodopiar a bengala como Chaplin, a dar pulinhos e a contar o dinheiro. Parou no primeiro vendedor de quebra-queixo, comprou um, pegou um bonde e lá se foi. Quem ficou de queixo quebrado fui eu, pois era a Rita.
Tem muitos outros trechos bons, afinal o livro inteiro é bom. Principalmente a sua infância e adolescência cheia de peripécias.
Ela já com toda a fama, teve três filhos e ficou cantando com o seu marido, Roberto de Carvalho.
Mas alguém vai, um outro vem. Rita estava grávida pela terceira vez. Essa mulher ainda ia fazer São Paulo virar capital da China. Em homenagem aos divertimentos de Charlie, nos velhos tempos, Rita fez uma música chamada "Lança-perfume". E essa era a abertura do novo disco, que entrou de sola na discoteca e na vida descompromissada. Ao mesnos seis das oito músicas do disco estiveram nas paradas. João Araújo estava tão satisfeito que nem percebeu que havia uma faixa, chamada "João Ninguém", que o gozava abertamente. Mas quando tem dinheiro, todo mundo tá feliz, tá feliz. O disco acabava com uma homenagem às velhas raízes na Pompéia, num bom e velho rock chamado "Orra meu", que tinha até o cáustico crítico musical Ezequiel Neves nos backing vocals.
Beto Lee, Rita Lee e Roberto de Carvalho
Mas, no meio do ano, a branquela ainda iria me dar mais uma rasteira. No dia 6 de agosto nascia Antonio Lee de Carvalho. A vaquinha tinha roubado o nome que eu havia escolhido para um possível filho. Ao menos resolveu acabar com a China paulista, e logo após fez uma cirurgia para não ter mais filhos. Ou será que era para não ter que ficar careta durante outra gravidez?
E esse livro não temos a absoluta certeza se é totalmente verdadeiro. Pode ser de ficção ou não, só depende de você. Na minha opinião eu acho que é a pura verdade, porque não?

Para não ficar mais extenso do que já tá, no próximo post coloco palavras da Rita Lee sobre o livro e um pouco sobre o autor.

Até mais.

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